sábado, 14 de novembro de 2009

Um poema à moda de Caeiro



Caminho num prado verde,
iluminado pelos últimos raios de sol.
E paro.
Olho em volta:
Horizonte apenas.


É então que sou invadido por uma brisa.
Uma simples brisa.
Não tem outro nome,
Não há vantagem nisso.
Uma brisa é uma brisa.

Porque tudo na vida é simples,
Não precisa de floreados,
Não precisa de poetas.

A simplicidade é a chave
E existir é uma dádiva.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A poesia pictórica de Cesário



E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés de fel como um sinistro mar!


Como se pode observar, estes versos retratam o modo obscuro de Cesário retratar a cidade. Esta surgia-lhe de braço dado com a doença, com a morte, a tristeza, a infelicidade e a prisão. Note-se que há um determinado desejo de poder "ser livre", de ver o horizonte, mas vê-se aprisionado entre os prédios. Deste modo, é criado, talvez inconscientemente, um desequilíbrio emocional que leva ao extremo oposto da felicidade.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A pintura lírica de Cesário Verde

“Além de ser uma réplica do realismo irónico queirosiano (…) o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, “com versos magistrais salubres e sinceros””.


Primeiramente, é necessário dar a conhecer que Cesário viveu na época do realismo e que foi formado por este movimento literário. Daí serem encontrados determinados traços característicos destas correntes literárias como a descrição objectiva do real, a presença de determinadas figuras do povo e a preocupação social, entre outras.
Como se pode constatar, Cesário é contemporâneo de Eça, bem como de Antero de Quental.

Abordando primeiramente o ponto primordial: “réplica do realismo”, de facto verifica-se. Cesário tende a descrever o que vê, não se preocupando com a sua opinião pessoal, que, de facto, é suprimida. Assim, revela e releva minuciosamente o objecto, as suas características. Mas, acima de tudo, explora exaustivamente os sentidos, as sensações. Este expõe as cores, os movimentos, eleva as personagens e aprecia a regularidade. Tudo isto não para expor os sentimentos ao leitor, mas sim para lhos despertar.

Os seus versos são considerados magistrais pelo facto de Cesário também ser considerado um mestre, daí ter inspirado os poetas vindouros. Contudo, todos os seus versos têm um traço de sinceridade e de salubridade. Isto porque Cesário não opina, sendo por isso considerado um poeta ausente. Os seus versos são de rápida compreensão, bem como são claros e objectivos. Note-se que Cesário era perfeccionista, tendia, por isso, a alcançar uma poesia bonita, onde os sons e a musicalidade brotavam. Este usava também a expressão verbal uma vez que se pode constatar a presença regular da adjectivação rica e expressiva.

É ainda de reforçar a ideia de que Cesário pinta com as palavras, daí a sua poesia estar num paralelismo com as artes plásticas. Este dá grande ênfase aos aspectos sensoriais, às sensações, às cores, na descrição de locais e situações.

Por fim, é de relevar que foi Cesário que abriu as portas ao modernismo. E que foi este que deu origem ao parnasianismo.

quarta-feira, 18 de março de 2009

"Eurico, o presbítero", de Alexandre Herculano

Eurico, o presbítero, um romance histórico por Alexandre Herculano, datado de 1844. Esta obra relata a história de um amor frustrado, em que Eurico se torna presbítero para tentar esquecer o seu amor por Hemengarda. Esta personagem revela-se um óptimo guerreiro (o Cavaleiro Negro) e poeta, assim como um romântico apaixonado.
É uma obra classificada em estrutura como sendo um romance de cavalaria, mas é também considerada uma crítica à cristandade, mais propriamente à Igreja, em oposição a forma como a Península Ibérica foi devastada.
O seu autor, Alexandre Herculano, nasceu em 1810 e morreu em 1877. Um homem de grande prestígio intelectual, um poeta, romancista, historiador e um dos precursores e guias de Romantismo em Portugal. Este, nascido de modestas famílias, não teve acesso ao ensino superior, embora tenha estudado Diplomática e línguas na Torre do Tombo. Em 1831, tornou-se emigrante, por obrigação, embora não tenha deixado de frequentar a biblioteca, de continuar os seus estudos e de escrever as suas obras.
Depois de voltar a Portugal, colabora na direcção da revista Panorama, actuando em simultâneo como jornalista, novelista e historiador. Ao longo da sua vida escreve variadas obras das quais Eurico, o Presbítero faz parte.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Menina e Moça" de Bernardim Ribeiro

“Menina e Moça”, uma inacabada obra de Bernardim Ribeiro de 3 edições. Em que a 1ª, em 1554, é editada como História de Menina e Moça, em Ferrara, pelo exilado judeu português Abraão Usque*. A 2ª, como Saudades, uma edição eborense de 1557, por André de Burgos, contém um prolongamento. A 3ª foi editada com base na 1ª, em Colónia, por Arnold Birckman, dois anos após a segunda edição.
Novela sentimental, com uma porção de novela de cavalaria e de romance pastoril, foi influenciada por Boccaccio (entre outros grandes autores italianos Renascentistas). Considera-se uma procura de um novo género de romance, conseguindo ultrapassar as fronteiras do país e servindo de modelo a outras obras de referência. É de lamentar o facto de mesmo sendo inacabada e editada postumamente, não teve equivalente na literatura clássica portuguesa. Ainda assim o autor não deixa de ter a sua relevância na literatura medieval.
As obras de Bernardino Ribeiro cingem sempre o tema da infelicidade amorosa. Para além disso há um traço que se considera autobiográfico nas suas obras. Deste modo deduz-se que fosse natural do Torrão (Alcácer do Sal) e de acordo com determinadas conjecturas, pensa-se que terá morrido antes de 1557.
Para além da novela Menina e Moça, Bernardim escreveu também doze diminutas poesias inseridas no Cancioneiro Geral e três composições em verso (o vilancete Pera tudo houve remédio, a cantiga Pensando-vos estou, filha e o romance de Avalor), cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o sol e a noute, o romance Ao longo de ua ribeira, duas cantigas e outras composições.
Lamenta-se o facto de não se saber muito acerca deste autor renascentista, apenas se pensa que terá nascido por volta de 1482, e que terá morrido por volta de 1552. Este participou no Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende, e pertenceu à roda dos poetas palacianos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Discurso

Neste infame período, e digo período porque futuro, muito sinceramente, que esta questão seja efémera, há uma confusão de autoridades. A polícia perante infractores não sabe como agir, está sempre com o pé atrás e tudo por causa das burocracias. É leis para isto e para aquilo, mas não valorizam o que verdadeiramente importam. Na pluralidade das ocasiões os criminosos são postos em liberdade como se de pássaros tratassem e as vítimas penalizadas…
É tudo uma questão de organização, de estrutura, algo que por vezes se torna difícil de concretizar, daí o que vemos hoje em dia.
http://www.portugal.gov.pt/portal/pt/governos/governos_constitucionais/gc15/ministerios/mai/comunicacao/intervencoes/20020503_mai_int_gnr.htm
O Ministro da Administração Interna bem identifica o ponto da questão e propõe soluções futuristas, num discurso de simples entendimento, com adesão do auditório e bem estruturado. Onde há utilização da apóstrofe e figuras de estilo singelas. Apelando-se ao real e pondo uma perspectiva futurista.

Resumo da "Memória ao conservatório"

“Frei Luís de Sousa” é uma história que contém toda simplicidade de uma fábula trágica antiga, uma vez que não há paixões violentas, não há vilões, nem assassinos, nem sangue, sendo todas as personagens genuinamente cristãs. Assim há uma vantagem de ser acompanhada pela esperança católica, que prevalece sempre, incondicionalmente. Como diz o velho ditado “a esperança é a última a morrer”. Assim, a morte das personagens é suavizada, já não é violenta, pois “morrem para outro mundo”.
Aqui são comparadas algumas personagens mitológicas com Frei Luís de Sousa de modo a evidenciar a sua superioridade.
Garrett diz que não dá o nome de tragédia à sua obra, pois não tem uma estrutura ideal para ser considerada como tal, mas pela forma assemelha-se a um drama, daí a sua designação.
É de notar que a tragédia de Garrett não tendo a estrutura formal, “Frei Luís de Sousa” consegue despertar no público, tão habituado a emoções fortes, sentimentos como o terror e a piedade. A fatalidade de Madalena é também uma característica inspirada na tragédia clássica (a desonra de uma família, equivalente à morte moral) e esta atinge, consequentemente, todas as restantes personagens. No mesmo sentido das marcas da tragédia é de notar o número reduzido de personagens e o momento de clímax com a agnorisis, onde há um reconhecimento (a identificação do romeiro).
Por outro lado, podemos vislumbrar o romantismo na obra. O mito do sebastianismo, a crença em agouros, dias de aziagos e superstições. As visões de Maria, os seus sonhos e o seu idealismo patriótico são também topos românticos. Também se pode considerar, no mesmo âmbito, o «titanismo» de Manuel de Sousa ao incendiar a sua própria casa para que os Governadores do Reino não a utilizassem. Por fim, saliente-se a atitude de Maria quando, no final, se opõe à lei do matrimónio único e irreversível, forçando os pais à separação.
Garrett não escreveu em verso, uma vez que pretendeu dar a prosa ao melhor prosador português, o próprio Frei Luís de Sousa. Também é de referir a divisão em três actos e a presença de todo o estilo ao longo da obra.